sábado, 26 de janeiro de 2013

Como aprendi Inglês. (Editado)

Publiquei este texto há um ano. Reli-o agora, fiz uns "retoques", e aqui vai ele de novo para aqueles que quiserem ler.

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Como aprendi inglês.

As pessoas estão sempre me perguntando como aprendi inglês ou qual é o melhor método para se aprender uma língua. Foi esse questionamento que me levou, por várias vezes, a refletir sobre o tema. Tirei várias conclusões próprias; outras adquiri com pesquisa. Até que cheguei ao que vou descrever neste artigo.

Começarei pelos fatos em si. Então: “Senta, que lá vem história...”

(Pessoal, este breve relato tem o único objetivo de conscientizá-los de que não existe “situação favorável” quando se quer alcançar algo. Existe, sim, força de vontade. Eu poderia usar as histórias de outras pessoas que conheço, mas, claro, conheço melhor a minha.)

Era março de 2004 e eu estava exultante por ter chegado à Universidade, tendo logrado o 1º lugar do vestibular de Letras 2004.1 da URCA. Cabeça raspada cheia de idealismos, caderno novo no sovaco e uma fome voraz de saber.

Minha educação básica foi precária: Ensino Fundamental em escolas municipais, interrompido várias vezes, e Ensino Médio “Telecurso 2000” – uma verdadeira fábrica de diplomas sem conteúdo. Logo a faculdade também me decepcionou (estava faltando, inclusive, professor de inglês!), com exceção de alguns mestres aos quais devo todo o respeito e admiração.

Mulher e filho para criar com um salário mínimo. Casa, trabalho e facu: cada um numa cidade distinta. Dessa forma, eu saía de casa às 6h30 e só chegava às 23h00, quando dava sorte... "Boia fria" no fogão e as famigeradas xérox de material de estudo na mesa. Só me encontrava com o travesseiro depois das 2h00, quando dava sorte... E o ciclo se repetia. Amig@, o que não @ mata, torna-@ mais forte.

Foi naquela faculdade que conheci Marcos: estranho, arredio e, ao mesmo tempo, excêntrico. Mas, o mais interessante: lendo um conto em inglês num intervalo entre aulas. De todos, este último detalhe foi o que mais me aproximou dele. Cheguei como quem não queria nada e perguntei (pergunta idiota) – Você sabe ler em inglês?!Sim, foi a resposta. – E onde consegue os livros?, retornei. – Na biblioteca daqui, tem uma série inteira de adaptações de obras famosas. Pronto! Estava iniciado o maior projeto de minha vida até então. Marcos, logo que percebeu o interesse, prontificou-se a me ajudar a aprender o idioma. Ele era fluente. Tinha muito a oferecer.

O método, pessoal, foi muito rudimentar e, claro, sem nenhuma “metodologia”. Aconteceu de forma intuitiva e, em 10 meses (janeiro de 2005), eu estava me tornando Professor de Inglês.
Marcos me emprestou uma gramática (Gramática Prática da Língua Inglesa: o inglês descomplicado, de Nelson Torres, Ed. Saraiva, qualquer edição serve), a qual devorei, inclusive resolvendo todos os exercícios e corrigindo-os com o gabarito que há no fim do livro. Emprestou-me também alguns exemplares da revista Speak Up – trata-se de uma revista mensal de variedades, totalmente escrita em inglês, com glossários em cada página e com um CD de áudio para você aprender a pronúncia. Além disso, ganhei, não lembro de quem, um minidicionário inglês-português/português-inglês – usei-o tanto que ele nem mais existe (risos). O que eu fazia com esses 4 materiais didáticos (gramática, revista, dicionário e Marcos)?

1.       Estudava muita gramática, mas não de forma automática, e sim compreendendo e contextualizando os exemplos e as frases dos exercícios. Aqui, gente, usei uma coisa que sempre tive bem desenvolvida, desde criança, mas que tod@s temos e podemos desenvolver também: A CRIATIVIDADE.

2.       Na revista, ouvia e lia os artigos várias vezes, chegava a decorar passagens e até a voz e sotaque dos speakers! Fazia isso de várias formas: ouvia sem ler, ouvia lendo, ouvia com pausas, ouvia com pausas para repetir, lia em voz alta, tentava recitar o texto sem ver... “existem 1.001 maneiras de se praticar um idioma: invente uma”!

Pessoal, a fluência e a boa pronúncia vêm com a capacidade de repetição (paciência mesmo). Um certo pesquisador famoso disse que “uma palavra ou expressão deve ser ouvida, pelo menos, 30 vezes antes de ser memorizada para sempre”. Outro autor, Jeremy Harmer, ensina-nos que a repetição pode ocorrer de forma diversificada. Ou seja, você não vai ficar na frente do gravador e ouvir 30 vezes seguidas: The book is on the table. The book is on the table. The book is on the table...

3.       Eu lia dicionário... Devo confessar, por mais insano que isso pareça. Afinal, dicionários foram feitos para consulta, não para leitura, certo? Sim e não. Eu não lia linearmente. (Um aluno meu uma vez me disse que estava lendo o dicionário; quando perguntei o que havia aprendido naquele dia, ele disse que já estava na letra C!) Eu lia por “campo semântico” ou por “relações semânticas” quaisquer. Como assim? Bem, eu abria o dicionário na palavra crib (berço), aí depois eu queria aprender fralda (diaper), depois, chupeta (dummy), depois, expressões, como trocar a fralda, dar a chupeta, e, o mais importante, ia mentalizando exemplos com essas palavras e expressões em contexto reais. Pessoal, as palavras sem contexto não servem de nada. São como uma célula fora do organismo: ela morre!

4.       Esse era o meu estágio favorito. Ia para a faculdade à noite e encontrava Marcos, sempre disposto a conversar em inglês comigo, aguentando meus erros crassos e corrigindo com moderação. Eu não me deixava inibir, nem pelas dificuldades, nem pelos “colegas” que nos esnobavam por acharem que estávamos nos “exibindo” nos corredores. Quer ser feliz? Faça uma coisa ridícula todos os dias. (Não lembro @ autor/a.)

Viram? Não existe uma fórmula mágica. Mas nos próximos artigos pretendo continuar a falando sobre como aprender ou aperfeiçoar um idioma.

Até mais.

Prof. Daniel Araújo
Specialist in ELT

19/01/2012 21:17:30
Editado em: 26/01/2013 05:54:49

Dica de Inglês #02