quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Questão abaixo: dissecada.


Olá, amig@! Como vai?

Vamos ver nossa questão?

Na norma culta padrão, a conjunção posto (que) / suposto (que) pertence ao grupo das concessivas, que inserem uma ideia contrária a outra, mas que não a anula.

São exemplos: embora, ainda que, mesmo que, se bem que, apesar de (que), por... que, sem que (= embora não), que.

O grande poeta Vinícius de Morais, em seu Soneto de Fidelidade, usou posto que com valor causal, que é considerado um emprego informal da conjunção! Logo, o gabarito é a LETRA C.

Mesmo que você não tivesse essa informação, dava para resolver a questão usando uma "artimanha". Vamos ver?

a)    "Hão de ter notado a facilidade com que meneio algarismos, posto não seja este o meu ofício (...)" A Semana - Machado de Assis
Veja que a relação entre as ideias é de concessão: embora não seja esse seu ofício, ele meneia os números com facilidade.

b)   "O próprio edifício, posto que avelhantado e fraco, também parecia animado de espírito guerreiro." Alexandre Herculano
Igual a letra A: embora o edifício estivesse avelhantado e fraco, parecia animado de espírito guerreiro.

c)    "Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure". Soneto de Fidelidade - Vinícius de Morais
Aqui você já percebe uma relação diferente: a causal. Não é imortal porque é chama. E daqui mesmo você já iria para a próxima questão. GABARITO.
d)    "Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo." Memórias Póstumas de Brás de Cubas - Machado de Assis
Idem A e B.

e)    "Tão delicados (mais que um arbusto) e correm / e correm de um para o outro lado, sempre esquecidos / de alguma coisa. Certamente falta-lhes / não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres / e graves, por vezes.
Ah, espantosamente graves, / até sinistros." Um boi vê os homens - Carlos Drummond de Andrade
Idem A e B.

É isso aí.

Até amanhã.

Daniel Araújo
daniel.araujo@olaamigos.com.br

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Português - Nossa nova série de "posts" - Banca: LaQueDA


Olá, amig@! Como vai?

Vamos iniciar uma série de resolução de questões da banca LaQueDA*Laboratório de Questões do Daniel Araújo  (eheh... Eu sei: a sigla é ridícula! eheh).

Nesses posts, vou colocar minhas próprias questões de Português e Espanhol para você resolver e volto em até 48 horas com o "gaba", OK?

A nossa primeira questão é de Português.

Marque abaixo a opção que apresenta um uso informal da conjunção posto /  posto que / suposto / suposto que (todas sinônimas).

a)    "Hão de ter notado a facilidade com que meneio algarismos, posto não seja este o meu ofício (...)" A Semana - Machado de Assis

b)   "O próprio edifício, posto que avelhantado e fraco, também parecia animado de espírito guerreiro." Alexandre Herculano

c)    "Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure". Soneto de Fidelidade - Vinícius de Morais

d)    "Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo." Memórias Póstumas de Brás de Cubas - Machado de Assis

e)    "Tão delicados (mais que um arbusto) e correm / e correm de um para o outro lado, sempre esquecidos / de alguma coisa. Certamente falta-lhes / não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres / e graves, por vezes.
Ah, espantosamente graves, / até sinistros." Um boi vê os homens - Carlos Drummond de Andrade

É isso aí.

Daniel Araújo
daniel.araujo@olaamigos.com.br

P.S.: Essa questão foi inspirada no artigo "Um boi vê os homens" de Pasquale Cipro Neto, publicado na  Folha de S. Paulo, São Paulo, 16 nov. 2006. Cotidiano, [s.p.]; o qual foi reproduzido na obra:

CIPRO NETO, Pasquale &  INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. 3.ed. São Paulo: Ed. Scipione, 2010.

*O nome se deve a que, há exatamente sete dias, sofri um baita acidente de moto (culpa do outro motoqueiro) e "ganhei" uma fratura oblíqua na região distal do úmero direito -- estou lhe escrevendo com uma caixa de Ibuprofeno ao lado (eheh).