As pessoas estão sempre me
perguntando como aprendi inglês ou qual é o melhor método para se aprender uma
língua. Foi esse questionamento que me levou, por várias vezes, a refletir
sobre o tema. Tirei várias conclusões próprias; outras adquiri com pesquisa,
até que cheguei ao que vou descrever neste artigo.
Começarei pelos fatos em si.
Então: “Senta, que lá vem história...”
(Pessoal, este breve relato tem o
único objetivo de conscientizá-los de que não existe “situação favorável”
quando se quer alcançar algo. Existe, sim, força de vontade. Eu poderia usar
histórias de outras pessoas que conheço, mas, claro, conheço melhor a minha.)
Era março de 2004 e eu estava
exultante por chegar à Universidade, tendo logrado o 1º lugar do vestibular de
Letras 2004.1 da URCA. Cabeça raspada cheia de idealismos, caderno novo no
sovaco e uma fome voraz de saber.
Minha educação básica foi
precária: ensino fundamental em escolas municipais, interrompido várias vezes,
e ensino médio “Telecurso 2000” – uma verdadeira fábrica de diplomas. Logo a
faculdade também me decepcionou (estava faltando, inclusive, professor de
inglês), com exceção de alguns mestres aos quais devo todo o respeito e
admiração.
Mulher e filho para criar com um
salário mínimo. Casa, trabalho e facu: cada um numa cidade distinta. Desta forma,
eu saía de casa às 6h30 e só chegava às 23h00. Boia fria no fogão e as
famigeradas xérox de material de estudo na mesa. Só me encontrava com o
travesseiro depois das 2h00. E o ciclo se repetia. Amig@, o que não @ mata, torna-@ mais forte.
Foi naquela faculdade que conheci
Marcos: estranho, arredio e, ao mesmo tempo, excêntrico. Mas, o mais
interessante: lendo um conto em inglês num intervalo entre aulas. De todos,
este último detalhe foi o que mais me aproximou dele. Cheguei como quem não
queria nada e perguntei (pergunta idiota) – Você
sabe ler em inglês?! – Sim, foi
a resposta. – E onde consegue os livros?,
retornei. – Na biblioteca daqui, tem uma
série inteira de adaptações de obras famosas. Pronto! Estava iniciado o
maior projeto de minha vida até então. Marcos, logo que percebeu o interesse, prontificou-se
a me ajudar a aprender o idioma. Ele era fluente. Tinha muito a oferecer.
O método, pessoal, foi muito
rudimentar e, claro, sem nenhuma “metodologia”. Aconteceu de forma intuitiva e,
em 10 meses (janeiro de 2005), eu estava me tornando Professor de Inglês.
Marcos me emprestou uma gramática
(Gramática Prática da Língua Inglesa: o
inglês descomplicado, de Nelson Torres, Ed. Saraiva, qualquer edição serve),
a qual devorei, inclusive resolvendo todos os exercícios e corrigindo-os com o gabarito
que há no fim do livro. Emprestou-me também alguns exemplares da revista Speak Up – trata-se de uma revista mensal de
variedades, totalmente escrita em inglês, com glossários em cada página
e com um CD de áudio para você aprender a pronúncia. Além disso, ganhei, não
lembro de quem, um minidicionário inglês-português/português-inglês – usei-o
tanto que ele nem mais existe (risos). O que eu fazia com esses 4 materiais
didáticos (gramática, revista, dicionário e Marcos)?
1. Estudava
muita gramática, mas não de forma automática, e sim compreendendo e contextualizando
os exemplos e as frases dos exercícios. Aqui, gente, usei uma coisa que sempre
tive bem desenvolvida, desde criança, mas que tod@s temos e podemos desenvolver
também: A CRIATIVIDADE.
2. Na
revista, ouvia e lia os artigos várias vezes, chegava a decorar passagens e até
a voz e sotaque d@s speakers! Fazia
isso de várias formas: ouvia sem ler, ouvia lendo, ouvia com pausas, ouvia com
pausas para repetir, lia em voz alta, tentava recitar o texto sem ver...
“existem 1.001 maneiras de se praticar um idioma: invente uma!” Pessoal, a
fluência e a boa pronúncia vêm com a capacidade de repetição (paciência mesmo).
Um certo pesquisador famoso disse que “uma palavra ou expressão deve ser
ouvida, pelo menos, 30 vezes antes de ser memorizada para sempre”.
3. Eu
lia dicionário... Devo confessar, por mais insano que isso pareça. Afinal,
dicionários foram feitos para consulta, não para leitura, certo? Sim e não. Eu
não lia linearmente, – como um aluno meu uma vez me disse que estava lendo o
dicionário. Quando perguntei o que havia aprendido naquele dia, ele disse que
já estava na letra “C”! – eu lia por “campo semântico” ou por “relações
semânticas” quaisquer. Como assim? Bem, eu abria o dicionário na palavra crib (berço), aí depois eu queria
aprender fralda (diaper), depois, chupeta (dummy), depois, expressões,
como trocar a fralda, dar a chupeta, e, o mais importante, ia mentalizando exemplos com essas palavras e
expressões em contexto reais. Pessoal, as palavras sem contexto não servem de
nada. São como uma célula fora do organismo: ela morre!
4. Esse
era o meu estágio favorito. Ia para a faculdade à noite e encontrava Marcos,
sempre disposto a conversar em inglês comigo, aguentando meus erros crassos e
corrigindo com moderação. Eu não me deixava inibir, nem pelas dificuldades, nem
pelos “colegas” que nos esnobavam por acharem que estávamos nos “exibindo” nos
corredores. Quer ser feliz? Faça uma
coisa ridícula todos os dias. (Não lembro @ autor/a.)
Viram? Não existe uma fórmula
mágica. Mas nos próximos artigos pretendo continuar a falando sobre como
aprender ou aperfeiçoar um idioma.
Até mais.
Prof. Daniel Araújo
Specialist in ELT
19/1/2012 21:17:30